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domingo, 20 de março de 2011

J.R. GUZZO E UMA CONCEPÇÃO DE SOCIEDADE - SOBRE O QUE PERDOAR


O artigo de J.R. Guzzo, na edição nº 190 da Revista Veja causa certo desconforto diante da complexidade das afirmações do autor. Existiria mesmo esta máxima de que estratos políticos, segmentos sociais tenderiam a apresentar Fernando Henrique Cardoso como o inimigo número 1 do povo brasileiro?
Na semana passada diversos veículos de comunicação circularam artigos e charges aos montes colocando em destaque candidaturas de celebridades e cidadãos comuns,  com formação e características totalmente díspares em relação ao contexto político na sua melhor definição. E aí diversos intelectuais, jornalistas, colunistas e outros levantaram a seguinte questão: Seria esse fenômeno uma conseqüência da elevação ao cargo de Presidente da República, de um cidadão sem formação acadêmica? Ou seja, esses cidadãos do mundo, com suas graças, trejeitos e pretensões, anseiam por ocupar as cadeiras no quadro político da nação por pensarem que, se Lula conseguiu eles também conseguiriam?
Sinceramente, não vejo como validar a afirmação de J. R. Guzzo e nem ao menos concordar com as tergiversações e verborragias sobre as candidaturas exóticas e estúpidas apresentadas ao país. Fernando Henrique Cardoso é um ilustre cidadão brasileiro, um intelectual de primeiríssima linhagem, que deixou seu legado à nação, legado este que não pode ser ignorado, não pode ser menosprezado. Mas, o povo não perdoaria o seu sucesso? Será que “o povo” conseguiria fazer essa reflexão? Será que esta afirmação poderia ser estendida aos segmentos universitários como um todo? Imagino que o que incomoda, o que causa desconforto, o que talvez seja imperdoável e não fica bem claro nas discussões tratadas na mídia, é a relação de FHC com a elite no contraste com a miséria brasileira e não o seu sucesso.
 Imagino que o que causa repugnância e desconforto seja a desigualdade e a injustiça social que grassa o país com tão abjeta distribuição de renda. Num país com destaque para Galvão Bueno e seu mega-salário, com as bolsas Louís Vuiton  usadas como indicadores de ascensão social, tendo ao fundo indicadores de educação que nos coloca no fim do ranking comparados com países extremamente pobres, seria o caso discutir perdão para o sucesso de Fernando Henrique Cardoso?
A identificação com  Lula da Silva tem toda uma fundamentação teórica na sociologia, difícil é encontrar embasamento para a defesa da miséria e da pobreza sob os porões de qualquer estilo político de governo. Bastaria um olhar sobre o que se esconde nos esgotos da nobreza brasileira.

Luciana de Castro Magalhães
Bacharel em Ciências Contábeis, pedagoga, especialista em Auditoria e Análise Contábil, mestre em Educação, professora universitária e da Educação Infantil (SME).

Goiânia, 1º de setembro de  2010.

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