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domingo, 3 de julho de 2011

O MEU EU NOS OLHOS DO OUTRO


Eu odeio os viciados em vida.
Vivem hoje como se fosse o último dia.
Odeio os viciados em sexo
por não conseguirem controle sobre os instintos.
Odeio os animais abstêmios
porque são ocos, sem desejos.
Desprezo os dependentes e drogados
porque se abstêm da vida,
negam a própria dor e roubaram de mim
o melhor que eu tinha.
Repugnam-me os compulsivos
porque consomem, deglutem como
loucos glutões   a vida que desprezam.
Odeio os animais ressequidos
porque não se levantam, letárgicos.
Resmungam a dor que já não sentem.
Sem pulsões, são vazios, desprovidos de energia.
Desprezo-os pelos desejos contidos,
pela selvageria reprimida e pelo tempo
que criou a civilização.
Por ela o homem se entorpeceu  de ópio, calou-se.
Criou a bomba, se entupiu de química e matou a paz.
Odeio os viciados porque são fracos
desprezo os fracos porque não se levantam,
porque o horizonte não lhes diz nada.
Odeio os viciados e fracos por enxergar com
dor, no fundo dos seus olhos, meus fracassos refletidos. 

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