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domingo, 13 de maio de 2012

Revista Veja edição 2266 ano 45 nº 17, 25 de abril de 2012

A falta que um Francis faz divulga o livro Diário da Corte. Senti saudades, de fato, do humor ácido de Paulo Francis, das suas verdades beligerantes, muito mais por identificação do que qualquer outra coisa. Os exageros do colunista remetem ao próprio Francis e tudo que lhe diga respeito. A "exumação parcial de sua obra escrita" será com certeza uma grande contribuição ao jornalismo moderno, embora ainda ache que os jovens acadêmicos e futuros jornalistas passariam muito bem sem ele. No entanto, considerando-se a quantidade de lixo produzida pelo jornalismo atual...
Os "quinze anos de esquecimento" a que são condenadas as figuras brilhantes são o reflexo de mecanismos de defesa desenvolvidos pelos brasileiros. Categorizar tamanho brilhantismo soa ridículo num país de corruptos, ladrões e criminosos da elite, fincados no topo da pirâmide social à custa de extorsão da coisa pública ou exploração de miseráveis. Confortavelmente instalados em palácios blindados,  não se intimidam, não se  sentem constrangidos;  continuam buscando o reconhecimento e o brilhantismo, pregando o conservadorismo e a tradição.
Que país é esse? O país que, no ranking dos emergentes e em pleno desenvolvimento, cria bolsões de miséria para exibição e deleite dos grandes senhores do capital. Elegantes em seus colarinhos brancos, protegidos em suas "Torres de Marfim" alcunham termos sofisticados e criam categorias no contexto da socialdemocracia, defensores da distribuição de renda,  da  redução da pobreza e da desigualdade social na busca de uma sociedade mais justa. Justa para quem?
Paulo Francis era uma "biblioteca ambulante" que leu Guerra e Paz aos 15 anos. Eu também li, e daí? Muitos membros da elite intelectual se gabam de ter lido Ulisses na adolescência. Mas eu também li, muita gente boa leu;  e daí? Qual a contribuição desses indivíduos notáveis para a humanidade? Sequer explicaram ou convenceram sobre a importância de ler essas obras/autores em tão tenra idade. Será que entenderam o que leram?
De repente, a mesma revista coloca quase  lado a lado  Paulo Francis e Luiz Felipe Pondé: um jornalista e um filósofo, ambos inteligentíssimos, antipáticos e arrogantes. Sensação incômoda, inevitavelmente desconfortável provocada pela leitura da revista,  depois da abertura com a nauseante senhora idosa rica, Lya Luft, envolvida por uma nostalgia que causa repulsa, extravasando sua indignação com o bombardeio midiático pouco salutar no Brasil.  À boa senhora basta não ler os jornais matutinos e evitar os noticiários da TV para higienizar suas manhãs. Sorte a dela.
Fechei a revista com uma certeza: para higienizar minha entrada na terceira idade será vital deixar de ler Revista Veja. Quase a mesma conclusão a que chegou J. R. Guzzo sobre as desventuras de brasileiros em viagem aos Estados Unidos. "É só não ir". 

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