Li recentemente um texto da Danuza Leão em que esta diz ter um único aparelho de celular, daqueles pré-pagos que nos obrigam a comprar um cartão de vinte e cinco reais todos os meses. Identifiquei-me tanto com ela, mas... Como ainda não aprendi a usar o twitter não consegui fazer contato. Hoje eu a reli falando sobre filhas e mães, e a paixão das filhas por homens vagabundos, melhor dizendo, sedutores vagabundos. Não escreveu sobre filhos (machos), mas consigo colocar-me do outro lado e fazer a releitura. Eu sou mãe e apenas isso importa. E desejo ardentemente que uma das filhas de uma das Danuzas da vida se apaixone pelo meu filho, que ele viva novamente um amor intenso, mas não por aquela moça que passa o dia cuidando das unhas e do cabelo (haja chapinha), e que bebem vodka pura quando estão com ele, desejo ardentemente que meu filho se reencontre num amor intenso, porém sereno, calmo, que estabeleça uma relação de cumplicidade, porém, de muito mais respeito que cumplicidade. Que aja amor enquanto houver desejo e partilha.
Sim, porque não sendo mãe de filha eu vejo a filha do outro que seria o grande amor do meu filho, uma moça que se arrepie ao seu toque, mas que não viaje para o mundo mirabolante das fugas do real, que esteja com ele no chão, sem subterfúgios. Uma moça tão linda que o traga de volta para as coisas que importam: para a luz do dia, para um nascer de sol e um dormir de conchinha depois de um filme que terminou pouco depois da meia noite. Ah, eu quero que as doidas se retirem, que meu filho viva um grande amor com alguém que consiga tomar uma taça de vinho sem cair na sarjeta cheia dos vômitos da falta de controle.
E eu lamento, tanto quanto a Danuza, que não seja possível transmitirmos nossas experiências, pois talvez não tivesse perdido meu filho, talvez ele olhasse para mim como se olha para um espelho ao avesso, sentisse horror e refizesse seus caminhos de outra forma, mas, de fato, a vida precisa ser experimentada e não ser vivida como uma experiência refletida.
Eu quero que meu filho continue trabalhando, eu tenho orgulho disso, mas quero que ele olhe por outras janelas e veja quantos mundos podem ser explorados, quero que seja um estudioso natural desses mundos, para não perder todos os trens que passam a velocidades estonteantes numa vida que é tão breve. Mesmo trabalhando muito eu gostaria que ele percebesse o “vestido novo da sua princesa e inclusive as mechas de cabelo alteradas”, que ele seja pobre, mas não deixe de ser educado e cavalheiro.
Ah, como mãe, é como a mãe que eu gostaria até de não ser, que eu desejo sim, desesperadamente, que ele encontre uma princesa de verdade e não uma “mala sem alça”. É preciso encontrar um amor daqueles: “que seja bom prá mim” (Segredos – Frejat). Sim, porque mãe de um filho macho, eu gostaria de ser a mãe da princesa que eu desejo para ele, porque acredito piamente que uma mulher de verdade leva grande parcela de responsabilidade na construção do caráter de um homem de verdade; daqueles que ao tocar na cintura faz o coração bater mais forte e todos os hormônios entrarem em ebulição.
Eu sou mãe de filho macho sim, e quero um mundo seguro para o meu filho, uma vida calma – nem sei se quero netos, acho que o mundo não merece mais crianças – e dentro de um mundo seguro cabe uma mulher equilibrada, que caminhe junto, que dê a mão em qualquer circunstância, que saiba dizer não e dizer sim, que saiba dizer chega, tá na hora de parar. Uma princesa para o meu filho precisa ser maior do que “os porres, as madrugadas desvairadas e sem controle”, porque eu, a mãe, sinto uma necessidade enorme de dormir uma noite em paz, de dormir sem sobressaltos dentro de sonhos-sonos conturbados e cheios de medo. Eu quero meu filho de volta e quero deixar de sentir medo.
Eu não sou mãe de filhas, mas gostaria de ser a mãe das princesas que mereceriam meu filho, pois o criei para ser feliz. Eu confesso sim, que projetei um milhão de sonhos, que transferi para ele minhas frustrações, ah, transferi! Eu o imaginei tocando guitarra, trabalhando com arte, um rapaz com alma e sensibilidade, um homem forte e que fosse capaz de matar todos os fantasmas que se interpusessem em seu caminho. Um mochileiro de rabo de cavalo pegando carona e percorrendo o mundo, falando inglês, praticando esporte, levando uma vida saudável. De tudo isso, o que foi que eu fiz mesmo???!!!!
Sei lá, eu sou uma mãe que não deu certo e queria meu filho de volta. E, penso cheia de medo e dor, que o meu amor de mãe é muito diferente do amor da Danuza, mas eu gostaria muito de ver meu filho “ligado a pessoas sérias, com quem pudesse dividir responsabilidades e dormir noites em paz”; sim porque eu também gostaria de dormir noites em paz e sei que nunca mais conseguirei. Mas eu sou mãe e amo meu filho.
Simplismente lindo o que a senhora escreveu. Eu adorei e tenho certeza que existem muitas mães que sonham sempre o melhor para seus filhos (eu sou uma!) e que consigam encontrar aquela pessoa que seja a metade deles..
ResponderExcluirbjs
Isis
Oi mãe saiba que apesar das brigas vc é a pessoa que mais amo nesse mundo. Sei que sou irresponsável imaturo e um monte, mas tento todos os dias ser melhor pra vc! Se fosse metade do que vc é já seria uma grande pessoa. Todos os dias nessa minha vida de boêmio vejo coisas nas quais eu agradeço por ter sido educado por vc! É uma pena que as vezes vc não veja, mas talvez seja pela distancia, mas vc me fez homem e me orgulho muito de ser seu filho. Talvez por isso esteja sozinho é ruim eu sei, mas é como diz o ditado: " antes só do que mal acompanhado!" Mas um dia eu conheço minha sogra Danuza e prometo não deixar sua filha escapar! Obrigado e lembre sempre, principalmente quando estivermos brigados: EU TE AMO MUITO!!!!! SEMPRE!
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